Juscelino Neco já apareceu por aqui no primeiro post do blog, onde indiquei o seu primeiro quadrinho: Parafusos, Zumbis e Monstros do Espaço. Depois disso ele "deu à luz" seus outros dois "filhos": Zumbis Para Colorir e Matadouro de Unicórnios.
Tive o prazer de conhecer Juscelino durante a CCXP 2016, e agora convidei-o para fazer mais uma estreia aqui no blog. Dessa vez ele irá inaugurar nossa sessão de entrevistas!
Foi um bate-papo bacana, onde tive o prazer de fazer algumas perguntas sobre sua relação com os quadrinhos, carreira, seu novo projeto e algumas outras coisinhas que vocês vão conferir aqui embaixo:
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Tive o prazer de conhecer Juscelino durante a CCXP 2016, e agora convidei-o para fazer mais uma estreia aqui no blog. Dessa vez ele irá inaugurar nossa sessão de entrevistas!
Foi um bate-papo bacana, onde tive o prazer de fazer algumas perguntas sobre sua relação com os quadrinhos, carreira, seu novo projeto e algumas outras coisinhas que vocês vão conferir aqui embaixo:
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Arte de Wagner Willian |
Você é um cara que
assumidamente gosta de clichês, então aqui vai um: Você se lembra de como foi o
seu primeiro contato com os quadrinhos? E como foi que você decidiu que iria
fazer o seu próprio quadrinho?
Não consigo lembrar quando comecei a ler
quadrinhos, mas acredito que leio desde sempre. Passei minha infância
colecionando gibis de terror e da Turma da Mônica. Também herdei da minha mãe
uma coleção de Mestres do Terror e Calafrio que eram um tesouro pra mim. Tenho
umas até hoje. Mas lembro exatamente que decidi que queria fazer quadrinhos
quando li uma historinha do Piteco e descobri que existiam pessoas que
trabalhavam com isso. Antes eu achava que as revistas em quadrinhos surgiam por
algum tipo de mágica obscura.
Seu primeiro
quadrinho traz na quarta capa elogios de nada mais nada menos que Laerte. Seu
livro Zumbis para colorir é
um sucesso de vendas internacional. E Matadouro de Unicórnios foi indicado ao HQ MIX 2017. Como
você está lidando com todo esse reconhecimento? Você acha que isso gera alguma
espécie de pressão pra você?
Sinceramente, acho que ainda estou na terceira
divisão dos quadrinhos nacionais. E, sendo mais sincero ainda, não penso muito
no que o público espera de mim. Na verdade estou testando um pouco os limites
porque acho que o mundo está cada vez mais careta e as pessoas cada vez mais
intolerantes. Seja como for, tenho conseguido passar mais ou menos incólume.
Você é um
pesquisador da área de quadrinhos, pelo que eu pesquisei seu mestrado e
doutorado estão envolvidos com esta mídia. Como foi que você resolveu levar
essa paixão pro lado mais acadêmico?
Na verdade eu redescobri os quadrinhos quando
entrei na universidade. Eu já tinha meio que desistido seguir uma carreira
nessa área, mas comecei a perceber a amplitude dessa mídia e que eu poderia
trabalhar em alguma coisa relacionada com quadrinhos sem necessariamente ser
artista. Então foi uma decisão de ordem prática, de conseguir ganhar a vida com
alguma coisa que eu gosto. Só depois eu decidi tentar realmente fazer
quadrinhos. É curioso porque eu comecei realmente a levar os quadrinhos a sério
lendo o material que o Rogério de Campos publicava na Conrad e hoje ele é meu
editor na Veneta. Ou seja, é duplamente responsável por eu ter me tornado um
quadrinhista. Mas eu o perdoo.
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Arte de Juscelino pra uma camiseta da Editora Veneta |
Suas pesquisam
abordam grandes nomes dos quadrinhos, como Crumb, Joe Sacco e Angeli. O quanto
de influência esse material pesquisado tem sobre os seus trabalhos?
No que diz respeito a referências, eu roubo
tanto e de tanta gente que sempre que me perguntam sobre um artista específico
eu falo que me influenciou. Angeli? Certamente. Joe Sacco? Claro! Zé Ramalho?
Por que não? Mas assim, conscientemente os cartunistas que mais me
influenciaram são Robert Crumb e Gilbert Shelton, além dos artistas da EC
Comics. O outro eixo que norteia minha produção vem dos filmes de terror: Sam
Raimi, Tobe Hooper, Mojica, Peter Jackson (antes dos hobbits), Stuart Gordon,
Lucio Fulci, John Carpenter, David Cronenberg... Acho que é por isso que tem
uma coisa tão estranha no meu trabalho, porque são histórias de terror/ humor
negro com uma estética que remete mais ao quadrinho underground.
Falando agora sobre
o seu próximo trabalho, um quadrinho baseado em Reanimator, do Lovecraft. De
onde surgiu a ideia? Como está o processo de produção?
Faz um tempo que
eu queria fazer uma adaptação de uma obra do Lovecraft, mas sempre pensava no
problema de como representar visualmente essas coisas que, a priori, são
inconcebíveis, levam o homem a insanidade e essas pataquadas todas. Aquela
coisa do horror cósmico dele é legal justamente porque deixa aberto pro leitor
imaginar como diabos seriam aquelas criaturas. Nada que eu possa desenhar vai
ser melhor que essa coisas difusa e horrorosa que cada leitor constrói dentro
da própria cabeça... Então eu decidi fazer uma adaptação de uma história mais
pé no chão. Sempre fui muito fã de A Noiva do Reanimator, do Stuart Gordon,
então dei uma lida no conto original e achei perfeito. Tem zumbis e tem
universidade, duas coisas que eu entendo. Sem falar que é um conto horroroso.
Sério, é provavelmente o pior conto que o Lovecraft escreveu na vida. Acho que
eu ficaria meio receoso de adaptar, sei lá, Nas Montanhas da Loucura, mas
sentei o dedo no Reanimator sem pena. Como diz o Jodorowsky, se você respeitar
muito a obra original é impossível fazer um filho... Com um pouco de sorte,
acho que o Reanimator saí até o final do ano.
Pra finalizar, você
tem alguma indicação de um material que você leu ultimamente?
Li um quadrinho Emil Ferris muito legal: My
Favorite Thing is Monsters. Por coincidência, a coisa que eu mais gosto também
são monstros.
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