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Jura é Jura!

 Velha, nariguda, corcunda, com chapéu pontudo e uma gargalhada terrível. Essa é a bruxa do imaginário popular.
 Mas e se eu dissesse que na verdade essas seriam apenas servas das verdadeiras bruxas, humanos normais que apenas oferecem sacrifícios e sua própria vida, quando na verdade os seus supostos poderes vem de seres horripilantes, gigantes, de membros finos, com dentes pontiagudos.
 Essas são as bruxas do imaginário (ou não) de Scott Snyder, e são elas as antagonistas do quadrinho de hoje, mais um lançamento da Darkside que dá as caras por aqui.



 Wytches traz a história de uma família que se muda para a remota cidade de Litchfield, para escapar de um trauma assombroso e recomeçar a vida. Um clichê muito usado em filmes de terror.
 Outro clichê aparece no pai da familia, Charlie, um escritor que está passando por um bloqueio criativo e tentando se recuperar de um problema com bebidas.
 Talvez você esteja se perguntando: "Bruxas, família em mudança, escritor com bloqueio criativo... será que da pra sair uma boa história com tantos clichês já batidos?"
 Dá sim, e Snyder faz isso de forma bem fluída, trazendo diferentes perspectivas e certos mistérios pra estes temas usados em excesso no meio do terror.



 Scoot Snyder ficou conhecido por trabalhar com os principais títulos do Batman, mas em Wytches ele traz uma faceta diferente. Fica visível, através dos extras no fim do encadernado, o envolvimento do roteirista com a trama. A história envolve o leitor, e você consegue se apegar aos personagens, pelo fatos dos medos e angustias deles serem muito reais: a garota que quer se sentir normal no meio dos outros alunos da escola, o pai que quer ver a filha bem e enfrentando os seus problemas.



 A arte do quadrinho ficou nas mãos de Jock, antigo parceiro de Snyder, e traz um tom soturno e misterioso pra história. Os enquadramentos muitas vezes desaparecem e as cenas dos diferentes quadros se misturam, emulando a confusão mental pela qual os personagens vão passando.
 Matt Hollingsworth é o responsável pelas cores, que são um ponto alto do quadrinho. A paleta utilizada combina muito com o tom da história, e ajuda o leitor a imergir no mundo de horror das Bruxas. Matt também trouxe um efeito de "manchas" pra colorização, algo típico de trabalhos em aquarela, que em Wytches trazem um ar de surrealismo.
 Por fim o quadrinho, assim como os outros lançados pela Darkside, vai agradar aos fãs de horror/terror, mas fica um pouco abaixo de Fragmentos do Horror e Meu amigo Dahmer. Isso não quer dizer que HQ seja ruim, pelo contrário, Wytches é uma história competente, com uma arte muito bacana, e vale a sua leitura.

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