Pular para o conteúdo principal

O espirito vivo de Kerouac

 Poucos são os capazes de marcar e influenciar pessoas como fez Jack Kerouac. O norte-americano, através de suas palavras e modo de vida, contaminou toda uma geração com o vírus do "pensar fora da caixa", o vírus do questionamento.
 E é de se admirar quem tem a coragem de assumir um projeto de contar a história de uma figura tão importante.
 Kerouac é um dos primeiros trabalhos de João Pinheiro, que escolheu a mídia dos quadrinhos para adaptar a história deste escritor.


 Da mesma forma que este foi meu primeiro contato com o trabalho de João Pinheiro, esta também foi a minha apresentação a Jack Kerouac e sua obra. Depois disso, foi inevitável o desejo de conhecer mais a ambos.
 Jean-Louis Lebris de Kerouac foi um escritor americano de origem canadense e um dos líderes do movimento literário chamado geração beat. Escreveu dezenas de livros, dentre estes o mais famoso é On the Road, que recebeu a alcunha de "bíblia hippie".
 João Pinheiro é um quadrinista brasileiro, já conhecido no cenário nacional por seus trabalhos biográficos. Além de Kerouac (lançado pela editora Devir), lançou também Burroughs e Carolina (ambos pela editora Veneta), o último inclusive indicado ao Prêmio Jabuti e que também já apareceu por aqui.


 O quadrinho traz a história de Jack desde o princípio: sua infância, o impacto da morte prematura do irmão, a ligação com a religião, entre outros detalhes que de certa forma influenciaram seu jeito singular de pensar e consequentemente seus trabalhas.
Seguindo com a biografia, passamos pelas viagens e loucuras de estrada que ficaram tão famosas, conversas de bar, amores e desavenças. Tudo roteirizado de forma brilhante e cativante.


 A arte de João é outro ponto forte do quadrinho. É de se aplaudir o esforço do autor em representar Jack, as paisagens imaginadas por quem leu seus trabalhos e algumas imagens icônicas da vida do escritor. É inevitável pegar-se parado por alguns minutos admirando todos os traços e sombras das páginas.
 Além disso todo o quadrinho é construído de uma forma muito poética, fazendo com que o leitor entre na vibe kerouac e acompanhe toda a trajetória, evoluindo com o protagonista e culminando no fim (físico) trágico, mas deixando o desejo de conhecer mais desta figura incrível.
 Este é um quadrinho para aqueles que já conhecem o trabalho de Jack Kerouac se deliciarem com os detalhes da vida do escritor, mas também serve de porta de entrada para aqueles que ainda não conhecem deste personagem único da literatura mundial.
 João Pinheiro lançou este trabalho em 2011, mas ainda é possível encontra-lo facilmente na Amazon. Se você já leu Kerouac e quer conhecer um pouco mais do trabalho do João, vale a pena acompanha-lo no Instagram.

 Por hoje é só, muito obrigado pela visita. Não se esqueça de curtir a página do Facebook e seguir-nos no Instagram.
 Até a próxima.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um presente para os fãs de HQ limeirenses

 É sempre uma experiência muito bacana participar de eventos relacionados aos quadrinhos, tem sempre algo novo pra conhecer, poder bater um papo com os artistas, aproveitar as promoções e etc. E o  1º Laranja Comics não decepcionou em nenhum destes quesitos.  Estive no evento durante toda a parte da tarde, pude conferir o trabalho de diversos artistas da região e depois participar de um bate-papo muito legal com o conterrâneo Ricardo Tokumoto o Ryot.  Ryot falou um pouco sobre sua carreira que começou meio sem querer nos workshops da (infelizmente) extinta Oficina Cultural Carlos Gomes, que influenciaram na sua escolha pela faculdade de animação em Belo Horizonte. Contou também o como a escolha pelas tiras também foi algo meio por acaso, era o que era possível de ser feito no pouco tempo livre de universitário.  Ricardo também aproveitou para dar dicas aos que almejam a carreira nesse mundo de quadrinhos/ilustrações (uma boa parte do...

A volta do Western

O gênero Western, já foi dominante, tanto no cinema quanto nos quadrinhos. Por volta dos anos 50 e 60, tudo aquilo que tivesse relação com cowboys, chapéus e armas, era sucesso de vendas. Porem com o passar dos anos, outros gêneros se popularizaram e os faroestes perderam espaço, mas nunca deixaram de existir.  Eis que agora, aos poucos, o gênero volta a ganhar força e produções como a refilmagem de Bravura Indômita (2010) , o game Red Dead Redemption, e as séries  Westworld  e Godless , trazem de volta o interesse do público pelas histórias de caçadores de recompensas, vinganças e tiroteios.  E é nessa nova leva, que o veterano Pedro Mauro , juntamente com Carlos Estefan lançam Gatilho.  Bebendo diretamente da fonte dos Spaghetti de Sergio Leone, Gatilho traz a história de um caçador de recompensas que chega a uma cidade abandonada em busca de justiça, algo que a princípio pode parecer clichê, mas que com auxílio da narrativa diferenciada e coragem dos ...

A revolução silenciosa das mulheres no Iêmen

 A cultura e os costumes dos povos árabes são sempre vistos com certo ar de estranheza por nós aqui do ocidente, muitas vezes por só termos contato com uma parte superficial desse tema, através de matérias na TV, ou dos livros da escola. Muita gente desconhecia a situação das mulheres nessas sociedades, talvez pelas vestimentas que são obrigadas a usar, os niqab , que  as "transformam" em uma espécie de sombra ou vulto, e faz com que seus direitos e vontades fiquem perdidos, esquecidos pelo vento.  Felizmente essa realidade começou a mudar, pequenos grupos de mulheres começaram a se organizar e protestar em busca de condições melhores. Uma das vozes mais famosas nessa luta, é a da jovem Malala Yousafzai , mais jovem ganhadora do Nobel da Paz, que mesmo sofrendo represálias daqueles que são contra os direitos das mulheres(que quase tiraram sua vida), jamais se calou, e influencia e encoraja milhares de mulheres na luta por igualdade de direitos e acesso a educação. ...